Eu deveria ter uns 14 anos. Minhas amigas e eu costumávamos nos arrumar para ir na "Up Club". Só quem nasceu em 90 e pouco se lembra desse lugar. Um clube para lá de divertido para jovens de classe média.
Todas as jovens que o frequentavam, vestiam salto num sábado noite, assim como as minhas amigas. Mas eu na época gostava de ser do contra, e resmunguei de canto:
- Eu não gosto. Não quero usar."
Lembro da minha mãe pegar uma xícara de leite quente e me responder: "Não quer ainda. Porque você sempre foi assim. Tem o seu tempo."
E ela estava certa. Anos depois, comecei a usar (até parar de novo haha). Foi assim com a minha chupeta, também.
Eu morava numa pequena casa em São Paulo e todas as crianças da vizinhança fizeram um mini evento pra jogar a chupeta fora. Eu fiquei dentro de casa. Não joguei a minha.
Depois de adulta, ouvi minha mãe me contar: "você foi sozinha, num dia atoa, não falou nada pra ninguém e jogou a sua chupeta no lixo. Era a sua hora. O seu tempo." 27 anos depois, e me pego sempre tentando viver as situações no tempo de outras pessoas. Porque assim que é certo. E assim que é a vida. Mas a vida de quem? O seu tempo é você quem sabe. É você que conhece. O tempo nem é seu na verdade, mas as escolhas são. Quanto mais você se conhece, ou relembra quem é, mais fácil fica de viver.